Por Tarcisio Burlandy de Melo 

O escritor argentino Jorge Luis Borges disse certa vez que ‘o universo (que outros chamam de Biblioteca) se compõe de um número indefinido, e talvez infinito, de galerias hexagonais’. Essa frase poderia servir como uma metáfora para o mundo das criptomoedas, que também se compõe de um número indefinido, e talvez infinito, de unidades digitais chamadas coins ou tokens. Mas qual é a diferença entre esses dois conceitos? E por que isso importa para quem quer entender e participar desse mercado revolucionário?

Para responder a essa questão, precisamos entender o que é um blockchain, que é a tecnologia por trás das criptomoedas. Um blockchain é uma rede descentralizada de computadores que registra e valida todas as transações realizadas com uma determinada moeda digital. Cada bloco contém um conjunto de transações e um código que o liga ao bloco anterior, formando uma cadeia imutável e transparente. Cada moeda digital tem seu próprio blockchain, que funciona como uma espécie de livro contábil público e distribuído.

Os tokens são unidades digitais que utilizam o blockchain de uma moeda digital já existente para funcionar. Eles não são moedas em si, mas sim representações de algo que tem valor ou utilidade. Por exemplo, um token pode representar uma ação de uma empresa, um direito de uso de um serviço, um voto em uma plataforma descentralizada ou até mesmo uma obra de arte digital. Os tokens podem ser criados por meio de contratos inteligentes, que são códigos que executam automaticamente as regras e condições definidas pelos seus criadores

Já as moedas digitais são tokens que têm como principal função servir como meio de troca, reserva de valor ou unidade de conta. Elas são independentes de qualquer blockchain alheio e têm sua própria rede, protocolo e regras de consenso. Por exemplo, o bitcoin é uma moeda digital que funciona no blockchain do bitcoin, que é baseado na prova de trabalho (proof-of-work). O ether é outra moeda digital que funciona no blockchain do Ethereum, que é baseado na prova de participação (proof-of-stake). As moedas digitais são também chamadas de coins ou criptomoedas.

Portanto, a principal diferença entre coins e tokens é que as coins têm seu próprio blockchain e funcionam como moedas, enquanto os tokens são criados em blockchains de outras moedas e podem ter diversas funções e utilidades. Essa diferença implica em diferentes formas de criação, emissão, distribuição, regulação e valorização desses ativos digitais. Além disso, os tokens podem ser classificados em diferentes tipos, como security tokens, utility tokens, equity tokens ou payment tokens.

Para ilustrar melhor essa diferença, podemos fazer uma analogia com o mundo real. Imagine que as coins são como notas de dinheiro, que podem ser usadas para comprar qualquer coisa em qualquer lugar. Já os tokens são como fichas de um parque de diversões, que só podem ser usadas para acessar determinados brinquedos ou serviços dentro do parque. As fichas dependem das notas para serem adquiridas, mas as notas não dependem das fichas para existirem.

Essa diferença também implica em diferentes riscos e oportunidades para os investidores e usuários desses ativos digitais. As coins tendem a ser mais estáveis e seguras, pois têm uma rede própria e consolidada, mas também podem sofrer com a volatilidade do mercado e a concorrência de outras moedas. Já os tokens podem oferecer maior rentabilidade e diversificação, pois podem se beneficiar de projetos inovadores e disruptivos, mas também estão sujeitos a fraudes, falhas técnicas e incertezas regulatórias.

Portanto, é importante entender a diferença entre coins e tokens para saber como eles funcionam, quais são suas vantagens e desvantagens, e como escolher os melhores ativos digitais para investir ou usar. Não se deixe enganar por nomes ou siglas parecidos. Pesquise sobre o projeto, a tecnologia, o mercado e a regulamentação de cada criptoativo antes de tomar uma decisão. Lembre-se que o universo das criptomoedas é vasto e complexo, mas também fascinante e promissor.